O ser humano não fala porque pensa. Ele pensa por que fala. Essa premissa parece invertida, não é mesmo? O mais lógico é achar que nós, uma vez que somos capazes de pensar – ou seja, de raciocinar, de abstrair ideias, e de estabelecer relações de causa e efeito entre eventos – conseguimos, por consequência, expressar essas capacidades por meio da fala. Surpreendentemente, o que acontece é o contrário. O idioma que falamos é a matéria-prima do pensamento. Nós pensamos com palavras!

É por isso que nós só aprendemos de fato um idioma estrangeiro quando passamos a pensar nesse mesmo idioma antes de falar o que queremos, ao invés de ficar pensando com a língua materna e traduzir de modo mecânico no momento de falar.

Faça o seguinte experimento: grave uma apresentação, por exemplo, sobre seu currículo profissional falando em Português. Depois, grave a mesma apresentação, desta vez falando em Inglês, mas mantendo a mesma narrativa.

Compare o tempo das duas gravações. Muito provavelmente a versão em Inglês vai ficar mais curta, mesmo que você tenha mantido a mesma estrutura da apresentação.

Isso acontece porque a língua inglesa é naturalmente mais sintética e objetiva do que o nosso idioma lusitano. E, no momento de fazer uma apresentação em Inglês, nós estamos também pensando em Inglês. Logo, nós estamos pensando de maneira mais sintética e objetiva!

E, por mais incrível que pareça, nossas personalidades também mudam quando estamos falando ou pensando em outra língua.

Essa foi a conclusão de dois estudos realizados em lugares diferentes: o primeiro, realizado por psicólogos em Hong Kong, verificou que alunos chineses se tornavam mais extrovertidos quando se comunicavam em língua inglesa.

O segundo, conduzido por pesquisadores norteamericanos, expôs dois grupos de mulheres bilíngues, que falavam Espanhol e Inglês, a um anúncio comercial protagonizado por uma mulher.

Um dos grupos viu o anúncio em Espanhol e o outro viu em Inglês. O primeiro grupo julgou a protagonista do comercial mais assertiva e autossuficiente do que do segundo, sendo que a única diferença entre os dois era especificamente o idioma – linguagem corporal e ideia geral do texto falado eram idênticos.

Então, na próxima vez em que quiser conquistar aquela gatinha, que tal caprichar em um Francês galanteador para ver se sua personalidade se torna mais sedutora? 🙂

 

Referências:

http://abr.ai/1B0UHpI

http://bit.ly/1MibPYt

Livro “Aprendendo Inteligência”, de Pierluigi Piazzi