A recente ascensão do Marketing de Conteúdo cria a impressão de que a estratégia é posterior ao surgimento da internet. Você pode se surpreender ao saber que um dos primeiros cases de Conteúdo tem mais de 100 anos! Trata-se do famoso Guia Michelin, referência até hoje na avaliação dos melhores restaurantes do mundo. O exemplo é emblemático por mostrar que a criação de conteúdo vai muito além do seu nicho de mercado. Afinal, o que uma fabricante de pneus tem a ver com alta gastronomia?

Bom para a marca, bom para os clientes

Ideias que trazem benefícios para marcas e clientes são muito valiosas. É o caso do Guia Michelin. A publicação surgiu em 1900 por iniciativa do fundador da marca, o francês André Michelin. Seu objetivo era aquecer o crescente mercado de automóveis, ainda restrito àquela altura. Inicialmente, o guia era distribuído em oficinas e oferecia ajuda aos motoristas com a manutenção de seus carros. Também compilava informações sobre lugares onde ficar, comer, consertar o carro e – por motivos óbvios – trocar os pneus.

O surgimento do guia teve como pano de fundo a ideia de fomentar o turismo, além de movimentar o mercado automobilístico. O caminho para isso foi mostrar às pessoas bons hotéis e restaurantes que elas encontrariam nas cidades europeias. Embora o conceito de Marketing de Conteúdo não existisse à época, a ideia do guia é um exemplo perfeito de aplicação desta estratégia. Oferece um conteúdo de valor para as pessoas sem a necessidade de mostrar a marca de forma ostensiva.

Para a marca, a ideia de mais pessoas percorrendo longas distâncias de carro era excelente. Viagens de carro, maior gasto de pneus, mais vendas para a Michelin. Outro trunfo dessa ideia é potencializar as vendas e paralelamente aumentar o respeito dos consumidores pela marca.

A consolidação do Guia Michelin

O sistema de estrelas, que se tornou uma marca registrada do Guia Michelin, surgiu lá atrás, há exatos 80 anos. O ranking foi uma maneira de aperfeiçoar uma ideia que já era excelente. A  publicação avalia hotéis e restaurantes com zero, uma, duas ou três estrelas. Há que se destacar que o julgamento é extremamente criterioso, por isso a maior parte das casas não recebe sequer uma estrela.

O guia tem uma credibilidade invejável, construída ao longo de anos de tradição. A Michelin procura a discrição nas avaliações, as visitas de seus críticos aos estabelecimentos são anônimas para que isso não interfira no veredito.

Pagar para seu restaurante figurar no guia? Nem pensar!

Os anos de consolidação levaram o Guia Michelin a se tornar um sucesso não apenas como case de Conteúdo, mas também um êxito comercial. Em 116 anos, foram mais de 30 milhões de exemplares vendidos na França.

Guia Michelin no Brasil

Alguns restaurantes brasileiros tiveram o reconhecimento do Guia Michelin. Com duas estrelas, somente o D.O.M., do chef Alex Atala. O restaurante é apontado por diversas publicações como um dos melhores do mundo já há alguns anos.

Outros 17 restaurantes espalhados por Rio de Janeiro e São Paulo foram laureados com uma estrela na lendária publicação entre 2015 e 2016.